Havia na boca da noite
Um riso languido e triste
De moça que vai ao baile
Se vê no espelho e desiste
Quando os ventos enlouquecem
Esquecem o próprio caminho
Já não chegam, já não partem
No giro dos redemoinhos
Havia no ventre da tarde
Uma oculta cicatriz
Atalhos que a morte abre
Num corpo de meretriz
Quem sabe onde o vento nasce
Não procura nem espera
Não tem destino ou morada
Quem tem por berço tapera
Havia uma Lua em desmaios
Como a aurora teve um filho
O Sol enfiou esporas
E galopou seu tordilho